HUMAN SECURITY
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Postado em 28 de março de 2018 às 11:59
Diante de uma maior procura pelo etanol nos postos, a região Centro-Sul do país deve deixar de produzir até 5 milhões de toneladas de açúcar na safra 2018/2019, estima o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Antônio de Pádua Rodrigues.
A projeção foi confirmada um dia depois de a consultoria Datagro divulgar, durante um evento do setor sucroenergético em Ribeirão Preto (SP), que o derivado da cana deve representar 43% da produção das usinas, com um total de 31,6 milhões de toneladas, e os 57% restantes destinados ao etanol.
Calculada pela Única, a parcial da safra que se encerra este mês registra que foram produzidas 35,8 milhões de toneladas de açúcar entre 1º de abril de 2017 e 1º de março deste ano. O fechamento oficial deve ser divulgado em abril.
“Tudo indica que a demanda do etanol continue aquecida, tudo indica que a demanda de ciclo Otto [com veículos que rodam com motores a etanol ou gasolina] vai voltar a crescer. Então tudo indica que não vai haver alterações do preço da gasolina no mercado internacional. Dado esse cenário a safra vai começar mais alcooleira sim”, diz.
Entre abril do ano passado e março deste ano, foram comercializados no Centro-Sul 24,18 bilhões de litros de etanol, dos quais 22,75 bilhões foram destinados ao mercado interno. Destes, 14,08 bilhões são de etanol hidratado – o que concorre com a gasolina nos postos -, com uma alta de 6,13% na comparação com a safra anterior.
Ainda que tido como mais vantajoso do que o derivado do petróleo, o produto teve uma valorização nas usinas. Segundo levantamento do Cepea/Esalq referente a 9 de março, nas plantas produtivas paulistas, o etanol hidratado saiu custando R$ 1,87, 23% a mais na comparação com a cotação de 10 de março de 2017, a R$ 1,51.Em contrapartida, o açúcar cristal tem uma tendência de desvalorização desde 2017. De acordo com o balanço desta quinta-feira (15), o produto deixou as fábricas com a saca de 50 quilos a R$ 50,34, 35,40% a menos no paralelo com a cotação feita um ano antes, de R$ 77,93. A queda está associada ao excesso de açúcar no mercado estrangeiro.
Segundo Rodrigues, a redução desse produto no mix das usinas vai depender de como as fábricas vão atuar no início e no fim a safra, quando têm maior flexibilidade para definir prioridades. No período intermediário, as plantas geralmente estão mais comprometidas.
“Há produtor que, mesmo sabendo que o preço do açúcar está pior, tem compromisso, vai produzir, vai vender e vai entregar, então não tem jeito, tem um determinado volume que vai ser cumprido”, exemplifica.
Às vésperas de fechar o ciclo 2017/2018, o diretor da Única também projeta uma menor produção de cana-de-açúcar, que deve ditar o ritmo da próxima safra.
A expectativa é de que o Centro-Sul encerre com uma moagem de 597 milhões de toneladas de cana, margem estimada 1,67% menor em relação à anterior, sobretudo em função de canaviais envelhecidos. A projeção se confirma no balanço parcial do acumulado até o início deste mês, com 585,2 milhões de toneladas, 1,78% abaixo do obtido no mesmo período da safra anterior.Única ainda não divulgou sua projeção para a safra 2018/2019, mas, segundo a Datagro, essa produção deve atingir 577 milhões de toneladas.
Entretanto, Pádua afirma que o menor volume de matéria-prima não prejudica a produção de açúcar e etanol nas usinas devido a uma expectativa de manutenção da qualidade da cana, medida em açúcares totais recuperáveis (ATR) por tonelada.Na atual safra, esse índice atingiu um valor acima da média, de 137,22, com uma alta de 2,66% em comparação com o ciclo de produção anterior. Essa elevação, segundo Pádua, está associada à reação da cana diante do clima seco. A expectativa é de que uma taxa de ATR próxima da atual se repita nos próximos meses.
“Depende muito da condição climática. Se eu tenho muito tempo de veranico ou falta de chuva, o que acontece: a cana não se desenvolve, o açúcar concentra e eu tenho mais quilos de ATR por tonelada.”
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