HUMAN SECURITY
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Postado em 28 de março de 2018 às 10:10
Faz quase dois anos e meio que aconteceu tragédia da Samarco e, até o momento, nenhum morador dos distritos atingidos, em Mariana, foi indenizado de forma definitiva. O alerta vem do Ministério Público de Minas Gerais. Até agora, apenas antecipações de indenização foram pagas pela Fundação Renova, criada para atuar nas ações de mitigação dos danos. Além das antecipações, o que se viu foram acordos emergenciais que garantiram o pagamento de casas alugadas até o reassentamento e de auxílios financeiros mensais. O problema é que não há previsão de quando essa novela vai acabar. É o que relata o promotor de justiça Guilherme Meneghim.
‘É uma situação absurda porque as vítimas perderam tudo e até o momento não se tem uma indenização justa. Se eles já tivessem concordado com os nossos pedidos para que todas as vítimas tivessem sido cadastradas. Se concordassem com o nosso pedido de uma indenização ampla e justa, eles já teriam condição de pagar essa indenização. Por isso, é um absurdo.’
A Fundação Renova diz que até o momento pagou R$ 760 milhões em indenizações e auxílios financeiros aos atingidos em Minas e no Espírito Santo. Parte desse dinheiro diz respeito ao programa de Indenização Mediada, de adesão voluntária, criado pela própria Renova. Em Mariana é diferente. Os atingidos fazem parte de um outro sistema de indenização, fechado com base numa ação apresentada pelo MP. O cadastramento das vítimas que começou a ser feito pela Renova foi questionado pela promotoria. Desde novembro do ano passado, então, esse processo é conduzido pela Cáritas, de confiança dos atingidos. O diretor-presidente da Fundação Renova, Roberto Waack reafirmou que essa é uma das prioridades, mas também destacou desafios.
‘A gente tem a consciência da emergência. A gente tem a consciência da dramaticidade das ações que ainda não foram implementadas. Das pessoas que continuam morando fora de suas casas e que não foram indenizadas. Então essa urgência de resolver essas questões é muito grande. Ela não é simples. Ele é um caminho de muito embate e a gente entende que isso faz parte desse processo.’
Pelo jeito, a espera está virando rotina entre os atingidos. Não é diferente com Maria, ex-moradora de Bento Rodrigues. Além de aguardar pela indenização definitiva, ela espera ainda pelo reassentamento, sem saber quando isso tudo vai acontecer.
‘Já vai fazer três anos e nada resolve. Eles só enrolam. Só reunião, reunião e não resolve nada. Incomoda muito. Eles falaram que o reassentamento seria em 2019. Só que a gente tá vendo que não tem condição nenhuma de ser 2019. Já ficando desesperado porque só vendo o tempo passar e resolução nenhuma.’
A incerteza da Maria sobre o reassentamento tem uma razão. É que o prazo de entrega dos distritos destruídos pela lama, não vai ser cumprido. Em nota enviada à CBN, a Renova reconheceu que o cronograma de reassentamento terá que ser repactuado e afirmou que definirá junto com os envolvidos no processo uma nova data para entrega dos distritos.
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